sábado, 24 de janeiro de 2015

Aquela música



A música que toca no rádio pela manhã poderá rapidamente ajudar-nos a lembrarmo-nos que já fomos felizes ou infelizes a determinado ponto das nossas vidas, por excesso ou por desmazelo. Todos nós temos essa epígrafe, que deambula no olhar, de quem ouve algo e por isso mesmo inquieta-se, de quem não é indiferente aos momentos e pessoas que passam pela vida.
Nem sempre é possível que apenas permaneça o que de bom existe e isso faz com que todo o momento de lembrança seja um regatear de emoções, onde também as más lembranças surgem em forma de melodia. 
Há sempre uma música destinada a qualquer coisa, onde o silêncio também é melodia, para que não nos esqueçamos que ontem também foi dia.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Que o prazer continue…


Hoje decidi que era tempo de retomar uma das coisas que me dá mais gozo na vida, escrever. Assim como quem decide correr desenfreado pelo vento e ao fim de uns bons metros atirar-se ao chão, revivendo a infância que nos galvaniza. Esse foi o meu pensamento aquando da decisão, já tinha saudades.

O facto de ter escolhido o dia de hoje é completamente casual até porque nunca quis que fosse hoje, quis sempre que tivesse sido mais cedo. Mas a verdade é que muitas vezes preferimos ser egoístas ao ponto de guardarmos tudo para nós, sem que os nossos pensamentos sejam passiveis de escrutínio.

Acho que todos retiramos prazer na escrita, aprendizagem na leitura da mesma, sendo-nos mais fácil identificarmos as nossas falhas e por efeito edificarmos o caminho que pretendemos trilhar.


Que o prazer continue…

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pouco mas bom


Somos constantemente advertidos pelas nossas carências de que algo nos falta, algo que nos faça suprimir as carências que nos são impostas pelo progredir das nossas vidas. Procuramos esse algo em tanto, que de tanta procura acabamos sucumbindo às nossas fraquezas, mas esquecemos que o pouco que temos é o quanto basta para nos entendermos, resolvendo assim a nossa falta de algo que nos preencha.
Podemos não entender como é que tão pouco poderá ser muito ou o suficiente para sustentarmos este nosso ser e é ai que as palavras surgem, compondo conversas versáteis, na tentativa de nos ser apresentada uma forma de encarar a vida. Corremos lugares e sonhos nesses momentos que compartilhamos, onde aprendemos, tomando tudo como um esforço conjunto em que somos parte do mesmo e tudo parece ser menos complexo. Os sorrisos surgem aleatoriamente, os risos também e as carências são superadas para delírio nosso, sendo que ai corremos em cima do risco e desdobramo-nos em loucuras que só seriam possíveis com tão pouco.

Há quem chame-lhe utopia mas eu chamo-lhe de amizade, tão pouco mas bom por demais.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Nossa luta não cessa, nunca.

             

             As minhas crenças começam ao raiar do sol pela manhã, no erguer do meu ser perante um novo dia, quando me sinto mais capaz e ainda converso alguma ousadia, da noite que cessou e que relembro com alguma nostalgia. Aprumo-me para aguçar as minhas fiéis convicções, camuflando qualquer ressentimento que possa ter acumulado em dias anteriores, na crença de que este poderá ser o verdadeiro recomeço que busco de uma forma desesperada. 
           O dia vai clareando, mais ainda, sendo que eu vou reforçando aquilo que me incentiva e não demovo-me dos meus objectivos e talvez seja por isso que acabo tropeçando sempre nos mesmos obstáculos, talvez seja por isso que me sinta condicionado nesta minha forma de assumir as minhas convicções. Não me rendo, nunca me rendi, mas também por isso nunca entendo tudo aquilo que perdi, talvez tenha de assumir uma outra postura ou talvez esta postura seja correcta mas as minhas crenças sejam mirabolantes e um fardo excessivo para aquilo que sou. 
          O dia vai cessando e já não há tanta luminosidade quanto gostaria, para que todos pudessem observar as conquistas que presigo e as lutas que travo, mas por outro lado até agradeço que a obscuridade me cubra para não verem quanto padeço, para não verem que peço ajuda. O cansaço vai acumulando e vou exaltado as minhas tentativas desafortunadas para que haja um certo consolo neste meu desamparo, para que outros sigam o meu caminho mas com reparo e para que o desabafo não seja tão solitário quanto a minha caminhada.
          Finalmente chega a noite, pensando que chegou somente para mim, para aliciar-me em outras demandas e fazendo assim esquecer o dia, mais um de muitos, lembrando ao mesmo tempo que haverá outras oportunidades para consumar aquilo que afirmo depois de alucinado nas noites em que não resisto ao pecado. Mas no fundo a verdade é que não me canso, por mais cansativo que seja lutar; não me rendo, por mais cobarde que possa parecer; mas sobretudo não me vendo; por mais fácil que assim possa ser.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Tarde de Inverno


              Faço de conta que durmo, num jeito algo melindroso, para degustar os ténues tumultos que me rodeiam e me molestam, para atender aos respeitosos delírios que a ociosidade me delega. Sinto-me tão incapaz em afrontar este sossego respeitando assim a minha própria companhia, que em tantos outros momentos tive a infelicidade de a desrespeitar, fazendo com que seja merecedor da mesma e do conforto que nos une acidentalmente.
          Não sei de outras companhias tão comprometedoras e tão consoladoras quanto esta que possuo, pelo menos é isso que a minha alma de acordo com a calma me transmite e eu concordo, estou de acordo que a alma merece ter o seu momento de razão visto que o coração é quem quase sempre comanda.
           Permaneço estático para que não denotem a minha existência, pelo menos neste momento em que me resguardo convenientemente, para que não me confrontem com nenhuma situação que não me seja propícia, de momento. Descerro os olhos com alguma frequência para assegurar as circunstâncias deste momento, com uma satisfação enorme, sabendo que conservo a minha sanidade e que ergo a minha ociosidade. É nesta calmaria que me revejo, neste abrupto sossego, onde pouco me movo e pouco me movem.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Um dia estaremos juntos

           

           Um dia estaremos juntos, se assim o desejares, se achares que mereço e se no findar do caminho que percorro nos encontrarmos, por mero acaso. Quando chegar a esse dia espero já tenhas compreendido as minhas desventuras, as minhas infundadas difamações que mais não eram desabafos inúteis que só prejudicavam a nossa afinidade e que agora eu admito, constrangido. Não espero colher algo que nunca semeei; também não espero que me colhas a mim se achares que a minha maturidade ainda está por surgir, se achares que com a idade o juízo ainda estará para vir e que só se julga alguém após o surgimento de uma outra oportunidade, que no seguimento da primeira terá de ser temporalmente equitativa.
           Sei que estou condicionado e que as minhas exigências nada mais são que uma suplicação de quem se acha perdido e afundado, só não sei se me entrego já ou se cometo mais um pecado. Estou louco por ter tentado, louco por ter falhado, louco por mais um pouco e não menos louco por ser louco outra vez. Enfim, com todas estas pregações duvido que alguma vez nos encontremos e sei que a compreensão que te peço é vã, mas no decorrer do caminho que percorro havemos de debruçar uns vulgares olhares que hão de nos servir de consolo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Um passado desigual ao presente


             Recordo um passado tão desigual para com o presente, recordo-o por ser tão omnipresente que seria uma ofensa menosprezá-lo. Sinto-me ridicularizado com as lembranças, com essas meras esperanças de felicidade, que um dia nutri e em muitos outros sustentei, convicto de aquilo a que hoje chamo de lembranças seriam um modo infindável de estar na vida. 
         Queria tanto voltar a ser este ser mas em edificação, não para corrigir os erros assumidos ou enveredar por outros caminhos não percorridos mas para degustar novamente aquele prazer que sustentava outrora uma vontade inabalável de aprender a conquistar e de conquistar aprendendo esta vida que agora vou tendo. Deslumbrei-me perante o futuro que ia surgindo, perdido no presente que ia sumindo e desconsiderando o passado, fi-lo de uma forma tão incorrecta e tão injusta que aquilo que hoje procuro é aquilo que não mais irei ter, uma espécie rara de prazer que me sustentava por inteiro.
         Deito o meu olhar por cima do ombro a ver se ainda encontro qualquer escombro que possa manobrar e atempadamente sei que esse meu gesto é em vão, atempadamente soube que não teria privilégio algum em puder regredir no tempo e que tudo teria de ser consagrado à medida que ia surgindo e nos instantes posteriores em que tudo ia sumindo. Recordo um passado que é meu e ironicamente só me pertence em recordação; não que quisesse vendê-lo ou empresta-lo, porque no que toca às minhas lembranças tendo a ser egoísta e possessivo, mas porque queria reviver algo que entendo como sendo o único modo de vida que me deviam ter determinado e só isso poderia fazer com que fosse efectivamente feliz.