Irremediavelmente somos, todos nós, confrontados seja noite ou seja dia por cantos encantados de quem mais nada faz que voar, ou ao menos cheguei a pensar dessa forma tão aportuguesada que em nada me prestigia. São dos pássaros que falo, por não encontrar sobre quem me debruçar ou simplesmente por fascínio, aqueles que tanto cantam por entre a indiferença do tempo e debaixo do infortúnio do mesmo, não fosse a turbulência do Inverno um obstáculo incoerente e teríamos essas melodias bem caprichadas ao longo do ano. Para aqueles que têm tempo, qualitativo de preferência, dá que pensar o facto de animais como estes, cada um com o seu encanto, apetrechados para voar serem peritos a cantar como outros não o são, serei o único a pensar desta forma? Talvez, até porque existem coisas mais interessantes e mais mediáticas para se falar ou simplesmente debitar o pensamento, apesar de achar que debitar o pensamento é falar mas desta feita sozinho, tudo menos pássaros que nada fazem. Aí muitos se enganam pois além de esvoaçarem e cantarem, muito fazem eles em torno dos seus, quem nunca os viu à "caça" meios atrapalhados e sempre desconfiados de tudo o que os rodeia, por maior que seja o silêncio, seus olhos até brilham e no meio de tanto atrapalho têm o seu charme. São também óptimos engenheiros com a construção dos seus ninhos, um dia ainda hei de tentar perceber como é que constroem aquilo, não para o seu especial conforto mas para o conforto dos seus sem que isso sejam um total impedimento do conforto dos outros, algo que a nossa sociedade infelizmente peca em muito. Por isto e muito mais vale a pena observar um pássaro, ouvi-lo também, porque cada um transporta a sua história, cada um tem a sua identidade e cada um é como é, como nós seres humanos e se nós gastamos tempo da nossa vida em observar outros seres humanos porque não gastar também em Pássaros?
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