Que me julguem e que me condenem
mas sobretudo que me ouçam, para que me entendam e aí percebam que os inocentes
muitas vezes também são acusados e que só não são ilibados porque a justiça é
tendenciosa e porque o censo comum incide na ignorância dos factos. Nunca quis
julgador, por ser amoral, mas já o fui pelo embalo, ignorante, do senso comum e
se por isso for julgado então ai irei ser merecedor de uma qualquer sentença basilar.
Contudo saber-me-á a pouco qualquer julgamento que me façam, por entender que os
juízos de valor são domesticáveis e o facto de os mesmos não serem
intransigentes e consagrados levam a que a sua gustação seja nula e o seu valor
seja simbolicamente arcaico.
Não confio na equidade daqueles
que me atormentam e que posteriormente me julgam, da mesma forma que não confio
naqueles que não me julgam só porque não me atormentam. Confio, sim, no meu
julgamento antes do meu tormento por acreditar na minha ingenuidade em que prevalece
o bem em detrimento do mal e que não recorre aos conceitos dos mesmos para
mesquinhar qualquer demanda, todavia confio e reconheço legitimidade, para
julgar, aos que têm essas competências. Apesar de que o julgamento, feito por
quem seja, poderá nunca corresponder a justiça e isso é o que me preocupa, que
me julguem e que me condenem porque se houver justiça mais tarde ou mais cedo
todos nós a teremos.
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