Está frio lá fora e no desvario aqueço-me,
esqueço-me de tudo e deixo que insurgem os cânticos natalícios que são benefícios
sensatos para quem se aconchega, como eu, no manto e fica olhando pelo canto a
ver o vento passar, a chuva pingar e o dia cessar. Liberto sorrisos sem que
haja pretexto algum, só porque me apetece, só porque me engrandece e embeleza
as minhas preces vincadas, que nesta época são mais exaltadas mas não menos
sinceras que todas as outras que fiz, para que possa ser mais feliz e repartir
essa felicidade com quem tiver mais necessidade.
Deixo-me ficar aconchegado,
sorrindo e retorquindo as letras musicais que ouço e com as quais baloiço de
uma forma bem serena, amena e exemplar, na ânsia de sucumbir por entre os
adornos natalícios que me rodeiam e outros adornos que não sendo natalícios
aliciam-me da mesma forma, com a mesma descompostura. Limito a luminosidade ao essencial,
ao que eu considero ser essencial para esta época especial, procurando sempre
que a luz existente seja brotada da cera, das ousadas velas que por mim só têm
concorrência da luz vinda pela janela quando a há, quando a lua está lá.
Vou
suspirando e lamentando cada doce que saboreio e reivindicando o meu sossego,
que de tanta azáfama perco-o.
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