segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Noites de Dezembro

  

     Está frio lá fora e no desvario aqueço-me, esqueço-me de tudo e deixo que insurgem os cânticos natalícios que são benefícios sensatos para quem se aconchega, como eu, no manto e fica olhando pelo canto a ver o vento passar, a chuva pingar e o dia cessar. Liberto sorrisos sem que haja pretexto algum, só porque me apetece, só porque me engrandece e embeleza as minhas preces vincadas, que nesta época são mais exaltadas mas não menos sinceras que todas as outras que fiz, para que possa ser mais feliz e repartir essa felicidade com quem tiver mais necessidade. 
       Deixo-me ficar aconchegado, sorrindo e retorquindo as letras musicais que ouço e com as quais baloiço de uma forma bem serena, amena e exemplar, na ânsia de sucumbir por entre os adornos natalícios que me rodeiam e outros adornos que não sendo natalícios aliciam-me da mesma forma, com a mesma descompostura. Limito a luminosidade ao essencial, ao que eu considero ser essencial para esta época especial, procurando sempre que a luz existente seja brotada da cera, das ousadas velas que por mim só têm concorrência da luz vinda pela janela quando a há, quando a lua está lá.
    Vou suspirando e lamentando cada doce que saboreio e reivindicando o meu sossego, que de tanta azáfama perco-o.

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