Loucos, por muito ou por pouco,
todos somos, todos temos as nossas loucuras e é louco todo aquele que se afirma
sano e é uma loucura não ter loucura alguma. Se tivermos em conta que a loucura
são todos aqueles pensamentos ditos anormais para a sociedade aí redobro a
minha condição e confirma-se a minha afirmação de que somos todos loucos,
primeiro loucos por deixar que a sociedade seja uma matriz inviolável naquilo
que toca aos nossos pensamentos e por outro lado por deixarmos que haja alguém
que nos classifique como loucos, sem que os mesmos apresentem qualquer condição
moral superior que possamos idolatrar, pois se somos loucos pelos pensamentos,
quem nos poderá julgar? Para além de que se somos loucos pelo acto entendo que alguém
terá deixado prevaricarmos e aí consentiram a loucura, só os loucos consentem a
loucura, não entendo que tipo de sociedade consente a loucura, pois se há tipos
de loucura também haverá tipos de sociedades eloquentes por sinal.
A loucura
não é uma doença, numa medida quanto baste, pois todos a compartilhamos e é
graças aos insanos que ainda aqui estamos, graças às perturbações colossais que
refundaram o mundo a cada novo século, será então na senda dos delírios que
iremos estruturar a nossa forma de existir em sociedade, será no
reaproveitamento dos delírios que a sociedade irá subsistir e progredir e logo
loucos todos somos e é de loucos que nós precisamos.
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