sexta-feira, 19 de junho de 2009

Pequenos Engenheiros


Em crianças inventamos o mundo, construímos sonhos, sentenciamos a birra e o choro, ambicionamos o céu nem que para isso tenhamos de nos pendurar nas cadeiras. Ao acordarmos em criança, acordamos para mais um dia de trabalho, em que o Pedro traz o avião, o Ricardo os carros, o Rui a pista e juntos construímos uma empresa toda ela baseada em almas cristalinas, gente honesta e uma equipa unida. Não conhecemos o mal mesmo que ele nos atravesse no caminho pois o único mal que conhecemos é das batalhas de corsários e quando galhofamos aos Policias em que um tem de ser o larápio. Um momento de sossego para as crianças é sinónimo de uma coisa, vem aí um novo desafio, um novo trabalho em equipa. Quantas vezes quisemos ser nós a desmistificar os mistérios da árvore e de casa de brincar? Mas infelizmente não fomos tão audazes como os marinheiros português. Talvez vivêssemos melhor na aventura do que na monotonia que agora enfrentamos, a criança cá dentro não morre, nunca pode morrer senão morremos junto.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Simplesmente Amamos


Amamos da maneira mais injusta, sofrendo. São os beijos, os abraços, as palavras que imortalizam os momentos em que nos dedicamos ao máximo, sem norte nem sul, afortunados da vida. Quando amamos alguém, se é que amamos realmente, são as rosas que exprimem em número o nosso amor, os beijos que adoçam o amargo do coração e a fricção dos corpos incendeia o leito em que se constrói o amor, a vida ergue-se e esbate-se e nós vamos vivendo. Aprofunda-se o conhecimento na imensidão dos olhos, naufraga-se no azul, cresce-se no verde, constrói-se no castanho, morre-se no preto… Peca-se, mas não deixamos de rezar por mais, pois só assim satisfazemos todo o desejo imenso que martiriza todo o pensamento inerte da razão do porquê amamos. Justificamos os embaraços com muitos mais embaraços e de tantos apertos perdemo-nos entre eles, será amor ninguém duvida mas ninguém se expõe ao mundo e se martiriza pela fantasia do perfeccionismo de amar. Alimentamos um final feliz por culpa dos filmes, alimentamos um lugar no céu por culpa de quem amamos.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Contornos invisíveis


É por vezes na solidão do vazio que encontramos algo que nos satisfaz, algo superficial que nos leva ao êxtase total. A prevaricação do momento é o que nos estimula fazendo a ponte entre o correcto e o correctivo, não somos seres férreos nem supremamente católicos em que o mal impingido não nos possa fazer tão bem. Será um contágio fatal a submissão de um ser a outro oposto, por isso não me submeto a menos que isso me traga prerrogativas constantes. É de certo pecado mas mal não fará, meu ser subestimado fraqueja de tanto olhar mas há quem olhe e não fraqueje por ser cego demais. Não se encontra a perfeição do ser nos atributos incontornáveis que escorraçam dos olhos do restante mas sim no elo das palavras proferidas com a sua cota de doçura.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Excelência de um momento


Há prazeres na vida que deviam ser simplesmente consagrados para todo o sempre. Nunca teremos uma noção correcta de paraíso até lá chegarmos, nunca teremos a certeza que para lá iremos, mas é certo que um charuto e um whisky são elementos compensatórios para quem procura paz na alma e o céu. Não se trata de vício nem de doença a paixão por esses dois elementos, trata-se de respeito pelo prazer pessoal, pela leveza do sentimento amontoado, o consumo de ambos é indescritível para além do cheiro. O momento em que se conjugam é admirável, das mais sombrias almas faz emergir os mais nocivos talentos que se perdem e combaliam nas efémeras danças exóticas da alma. Seriam precisos muitos anos para cessarmos inteiramente fartos, mas seria preciso uma excepcional noite de cânticos desusados para entendermos a importância deste momento celestial.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Barba de um Homem


A barba de um homem merece o total respeito, em tempos usar barba comprida era símbolo de honradez para todos os homens que se prezassem, valia mais a palavra de um homem com barba do que um documento assinado. Hoje em dia vale mais a palavra de um homem engravatado do que um documento assinado, é triste que a palavra do homem ao longo do tempo tenha vindo a desvalorizar-se. Digo isto como homem que sou respeitando os meus ideais, não necessito de escrever o meu nome numa simples folha de papel para que seja confirmada minha palavra. Dou a minha palavra e ponto! Não há dinheiro nenhum que a pague… Mas a barba de um homem merece respeito, é um homem não é um miúdo, eis a diferença da palavra!

sábado, 13 de junho de 2009

Noites de Verão


Vêm a caminho as gloriosas noites de verão, são nessas noites que se constroem as histórias para mais tarde recordar e onde as amizades se fortalecem como nunca. O calor contagia tudo e todos e é desculpa para todos os actos de loucura orientada que se comete desde o raiar do sol até o seu extravio. A água mais fria e mais mansa é quem nos acolhe, quem nos seduz como um amor de verão, rápido, sombrio mas muito gostoso. Ninguém negue a eloquência do calor nocturno que nos seduz de uma forma agradável sem suspirar, a perdição é a forma mais simples e bonita de amarmos a vida. Por isso quando vejo todo este calor, esta imensidão de azul, penso nas noites que nos fazem esquecer das atrocidades da vida.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Minha confissão


A vida nunca nos leva a lado nenhum, por muitas figas que façamos, por mais vontade que tenhamos para que isso aconteça, cabe-nos a árdua tarefa de nos levar onde quer que seja e lutar afincadamente por um final feliz. As imagens que percorrem a minha mente e que suscitam aleatoriamente sem tempo nem espaço, fazem-me sentir só numa caminhada toda ela atribulada, com altos e baixos, com sorrisos e lágrimas mas sempre com muita força de continuar a lutar erguendo-se cada vez mais. Passo a dar importância aos momentos quando os perco, quando os perco por pensar que não seriam tão importantes quando realmente eram importantes para a minha vida. Minha face social, minha face visível não chora nem demonstra tamanha infelicidade por tudo aquilo que não alcancei e por tudo aquilo que já deveria ter alcançado, mas por dentro tudo mói, lá mesmo no fundo tudo embravece por tamanhos fracassos e momentos de nostalgia. Não valem Deuses nem rezas, pois o silêncio que nos corrompe também nos mata lentamente e por mais surreal que isso o seja, só há uma coisa a fazer, continuar a viver ou sobrevivendo. Não tenho competências de justificar o injustificável, ou de argumentar algo que nem os habilitados na matéria saberiam fundamentar.