quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Condenados por sermos inocentes


    
       Que me julguem e que me condenem mas sobretudo que me ouçam, para que me entendam e aí percebam que os inocentes muitas vezes também são acusados e que só não são ilibados porque a justiça é tendenciosa e porque o censo comum incide na ignorância dos factos. Nunca quis julgador, por ser amoral, mas já o fui pelo embalo, ignorante, do senso comum e se por isso for julgado então ai irei ser merecedor de uma qualquer sentença basilar. Contudo saber-me-á a pouco qualquer julgamento que me façam, por entender que os juízos de valor são domesticáveis e o facto de os mesmos não serem intransigentes e consagrados levam a que a sua gustação seja nula e o seu valor seja simbolicamente arcaico.

       Não confio na equidade daqueles que me atormentam e que posteriormente me julgam, da mesma forma que não confio naqueles que não me julgam só porque não me atormentam. Confio, sim, no meu julgamento antes do meu tormento por acreditar na minha ingenuidade em que prevalece o bem em detrimento do mal e que não recorre aos conceitos dos mesmos para mesquinhar qualquer demanda, todavia confio e reconheço legitimidade, para julgar, aos que têm essas competências. Apesar de que o julgamento, feito por quem seja, poderá nunca corresponder a justiça e isso é o que me preocupa, que me julguem e que me condenem porque se houver justiça mais tarde ou mais cedo todos nós a teremos.

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